quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"O futuro Brasil do passado."

Li matéria jornalística sobre a proposta de reforma política apresentada pelo PT, que contém ponto sobre o financiamento público das campanhas eleitorais.
A proposta recebeu críticas severas de juristas. Fiquei em alerta especialmente no que diz respeito a duas questões. Os fundamentos da democracia seriam abalados? O voto consciente do povo ficaria comprometido?
Eleição é atributo da democracia. Ela, em tese, deve resguardar o processo consciente e livre de escolha pelos eleitores. Infelizmente, como já disse em outras crônicas, no Brasil é comum a manipulação do eleitor e a “compra” de votos, que acabam por promover o direcionamento da preferência popular a candidatos determinados.
Condutas do tipo buscam, na verdade, a manutenção de determinadas pessoas no poder e, consequentemente, de partidos políticos, que perpetuam ideologias e desmandos. Condutas do tipo transformam em eterno o governo da hora. A democracia não pode se prestar a isso.
A despeito de opiniões divergentes, acredito que tais ações são um passo para o autoritarismo e o controle estatal sobre a opinião e, porque não dizer, a vida dos cidadãos.
Argumento favorável à proposta é que o financiamento das campanhas exclusivamente com dinheiro público traria um equilíbrio entre os candidatos e privilegiaria a impessoalidade do Estado.
De fato. Esse ponto é positivo, mas os fins, no caso, justificam os meios? Os objetivos de igualdade e equilíbrio nas campanhas eleitorais autorizam o uso do patrimônio estatal em campanhas eleitorais? Não sei dizer... Coibiria, por outro lado, o financiamento privado de campanhas, o “caixa dois” e a manipulação do eleitor? Acho difícil... No Brasil é comum o “jeitinho” para tudo. Não seria diferente no caso.
Não é só a proposta acima referida que me chama a atenção sobre o atual momento político do país. O aumento excessivo do IPI sobre automóveis importados sinaliza, a meu ver, o intuito do Estado de controlar o direito de propriedade dos cidadãos. A tributação excessiva não só aumenta a arrecadação do Estado, mas cerceia a liberdade de escolha dos consumidores, tendo em vista que o valor final do bem é impeditivo de sua aquisição. É desnecessário mencionar que o percentual do IPI, 30%, é quase confisco...
Será que no futuro do país controle, censura, autoritarismo e ditadura serão lugares comuns? Será que no futuro do país a palavra democracia será morta e enterrada? O Brasil do futuro voltará ao passado, à longínqua década de 80, em que as pessoas andarão de Fusca e não terão acesso a tudo o que a globalização oferece? Ficam as perguntas...
20/9/11

terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Anonimato."

Hoje ocorreu algo muito desagradável. Um “Anônimo” acessou o blog e fez um comentário desnecessário em uma das crônicas, atacando, se assim posso dizer, o comentário feito por outro leitor. Excluí o comentário, até porque apócrifo. Não posso deixar que meus leitores, que gentilmente comentam e assinam, sejam gratuitamente ofendidos por alguém desconhecido.
Quem não tem medo, assina. O anonimato é desprezível e próprio dos covardes, que não assumem o que dizem ou falam. E meu blog não se presta a ser esconderijo para pessoas do tipo. Ele é essencialmente democrático e opiniões são sempre bem-vindas, desde que sinalizem a fonte.
Anonimato só é permitido se o objetivo é resguardar a vida e a integridade de um delator, por exemplo. É até recomendado. No mais das vezes, porém, é reles e com desprezo merece ser tratado.
Por isso, peço, gentilmente, a esse fulano ou fulana que não mais acesse meu blog. Leitores assim eu dispenso.
19/9/11

sexta-feira, 20 de maio de 2011

“Homenagem a uma velhinha muito maneira.”

Hoje, a calça jeans completa 138 anos de existência, contados a partir do registro de sua patente nos Estados Unidos.
Foi criada para atender aos trabalhadores braçais que buscavam um tecido mais resistente e que não deteriorasse com facilidade.
Eureca! Agradou tanto, que não só os operários aderiram à sua praticidade, como qualquer ser humano são, lá nos States e também no mundo todo.
Virou moda.
Criança usa, adolescente usa, adulto usa, velho usa.
Pobre usa, rico usa.
Gente boa veste, sangue ruim, idem.
Todos adotaram a calça jeans, sem preconceitos: qualquer tribo, qualquer raça, independente de crença, de classe social, de opção sexual.
Há para todos os gostos: modelo normal, modelo fashion, modelo de cintura baixa, modelo de cintura alta, boca larga, boca de sino, cigarrete, corsário, blue, black, lavada, rasgada, manchada.
Existe a de preço bom e a que vale preço de ouro.
Enfim, ela é democrática, liberal.
Parabéns, calça jeans!
Sem você, a vida rotineira nesse cotidiano doido não seria a mesma.
20/05/11

quarta-feira, 18 de maio de 2011

“A bem da verdade.”

Em outra oportunidade, disse que sou muito franca e que a franqueza, às vezes, traz problemas de convivência amigável em sociedade e família.
E isso porque, normalmente, quando pessoas solicitam a opinião de outras ou pedem conselho, pretendem, na verdade, ouvir exatamente o que querem. Então, por que perguntam? Se já sabem a resposta, devem agir de acordo com seu entendimento, sendo ele certo ou errado, e adotar posturas que podem ou não ser simpáticas aos olhos dos outros. E arcar com as consequências, ora bolas!
O ser humano, porém, necessita de autoafirmação, concordância alheia, suporte emocional, apoio irrestrito, enfim, bajulação.
Via de regra é assim.
E eu, com minha boca enorme, acabo falando o que realmente considero acertado e justo, sem mascarar a verdade ou tomar partido de fulano ou sicrano, de contexto assim ou assado.
E o que ganho com isso?
Talvez, fama de antipática e dona da verdade. Vai saber...
Talvez, fama de ser justa. Ainda bem, pois esse é o objetivo.
Mas também fico mais solitária, porque acabo por afastar os que não me conhecem direito e os que não querem conviver com quem lhes atinge a consciência. Consciência pesada dói mais do que machucado, não é?
Ser franca, então, nem sempre vale a pena.
Faz tempo que optei por não pedir conselhos a ninguém. É claro que vez por outra fujo à regra, a depender da situação. Contudo, quando o assunto é muito importante e comprometedor, prefiro decidir sozinha, até porque serei a única a colher frutos, bons ou ruins, da minha decisão. E não é bom nem justo jogar a culpa no outro depois. Se sou adulta e dona do meu nariz, devo agir como tal.
Preciso agora é aprender a ficar de boca fechada.
Daqui para frente será assim: se perguntarem, não falo; se pedirem minha opinião, não dou, a não ser que me paguem. Não diz o ditado que se conselho fosse bom, vendiam? Então, esse é meu novo lema.
18/05/11

terça-feira, 10 de maio de 2011

“Mademoiselle Chambon (ou Breves impressões sobre um filme francês).”

Pura simplicidade.
Silêncios entrecortados por raras palavras.
Olhares que dizem tudo.
Expressões faciais que dizem pouco.
Sentimentos reprimidos.
Amor.
Família.
Único encontro é despedida?
Por fim, casamento que vence paixão.
As obrigações familiares falaram mais alto do que o sonho.
10/05/11

segunda-feira, 2 de maio de 2011

“Entendendo Kevin.”

Meses atrás escrevi a crônica “Precisamos falar sobre o Kevin”, na qual expus minhas impressões sobre o livro de mesmo nome. A autora conta a história do problemático garoto Kevin que, aos dezesseis anos de idade, sem motivo aparente, matou pai, irmã e colegas de escola, ao mesmo tempo em que mostra as reflexões da mãe sofrida em busca de compreensão sobre a personalidade diabólica do filho marginal.
Esse livro perturbou-me e encheu-me a cabeça de questionamentos sobre a natureza da crueldade de algumas ações humanas. Questionamentos que nunca me abandonaram, nem poderiam, considerando que sou (somos) expectadora (es) de tragédias como as causadas por Kevin, rotineiramente narradas na mídia. Tragédias que chocam, entristecem e revoltam.
Recentemente li “Mentes Perigosas – O Psicopata Mora ao Lado”, de autoria da psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva. Na capa do livro há a seguinte frase (promessa?): “Como reconhecer e se proteger de pessoas frias e perversas, sem sentimento de culpa, que estão perto de nós”.
Pensei que fosse encontrar uma cartilha com passos para evitar e espantar para longe psicopatas que andam soltos por aí na sociedade.
Realmente, a obra ilustra exemplos verídicos de psicopatas, todos com determinados padrões de personalidade e comportamento, que podem ser detectados pelos mais avisados e atentos, como é o caso dos que se deram ao trabalho de ler o livro.
Mostra, ainda, o lado científico da psicopatia, que, a meu ver, é desencadeada por problemas neurobiológicos (palavras da autora) conjugados ao ambiente em que vive o, se assim posso chamá-lo, candidato à doença.
O psicopata não possui sentimento bom ou nobre por nada nem ninguém – palavras de leiga que sou.
Ele nasce assim e tende a piorar, a depender dos fatores sociais a que é exposto.
É problema físico somado ao tipo de criação a que se submete.
É desanimador constatar que nada pode ser feito, nem para tratar de pessoas acometidas pela doença - até porque elas não se veem doentes - nem para proteger-nos de seus atos.
Podemos até evitar o convívio, mas, sinceramente, ninguém está a salvo.
Tenho a dizer, então, à mãe de Kevin: a culpa não é sua, você fez o que pôde, deu a melhor educação possível e amor, mas seu filho já nasceu doente, sem cura e simplesmente não gosta de você.
02/05/11

segunda-feira, 11 de abril de 2011

“O tic-tac do relógio.”

Na última crônica relatei um pouco o que é ser concurseira e os atuais problemas de desconcentração e desânimo que há semanas tomaram conta de mim, sem trégua.
Hoje vim à biblioteca, imaginando que o ambiente calmo e silencioso, próprio para o estudo, onde tantas vezes estive, pudesse ajudar-me a me concentrar.
Pobre de mim! Demorei uma hora para ler uma página de um livro que, provavelmente, nem conseguirei fixar na memória. Em outros tempos, uma hora de leitura rendia, pelo menos, vinte páginas!
Ouço o tic-tac do relógio, tosses, passos e conversas sussurradas dos que estão à minha volta.
Mas, concentração que é bom, resolveu não dar o ar da graça.
A culpa, por outro lado, desabou sobre mim e os questionamentos sobre meu futuro profissional martelam minha mente.
Manhã inútil, improdutiva e mentalmente desgastante!
O que fazer? Tirar férias e dar um tempo? Ir para um retiro espiritual em busca de paz? Fazer terapia? Insistir? Ou desistir de vez?
No momento, só me resta esperar, impacientemente, o relógio bater o meio-dia e ir para casa almoçar. E também chorar...
Tic-tac, tic-tac, tic-tac...
11/04/11